3 de maio de 2014

Feriado metálico (18 a 21/04/2014)

Fim de semana prometia. A cidade de São Paulo receberia várias apresentações de metal no feriadão. Logo de início, na sexta-feira, preferimos não ir ao evento de Viking Metal, guardamos energias para os dias que estavam por vir.
Mythological
No sábado fomos ao Inferno, na famosa Rua Augusta. Sem adquirir ingressos antecipadamente, por uns instantes ficamos discutindo se valia mesmo a pena entrar, mas pagamos mais caro na portaria, e entramos. Pela indecisão, perdemos a banda de abertura, conferindo apenas uma música deles, em seguida o Mythological Cold Towers iniciou sua apresentação mostrando o Doom Metal característico e já conhecido deles, uma pena era uma das guitarras, que não se ouvia nada durante todo o tempo (isso viria a se repetir no fim de semana).



Mortuary Drape

Os italianos do Mortuary Drape fizeram um show muito surpreendente na sequência, somando ao Black Metal pitadas de Thrash e até Heavy, com um baixista totalmente insano no palco. O figura simplesmente não parava, o tempo todo agitando e mesmo assim, percebe-se que é muito técnico na execução do seu instrumento. A noite valeu cada centavo.





In Torment
Domingo é dia de? Não, não é dia de Faustão, nem de jogo e nem de Silvio Santos. Fomos a um boteco almoçar, e como sempre, a cerveja estava presente. Os petiscos eram bons mas o preço, um exagero. Como bons cervejeiros, passamos a tarde toda ali. Como bons metaleiros (headbangers, para os puristas), saímos dali e rumamos para a Livraria da Esquina, pois era dia de Death Metal.
O lugar é bem agradável, e a organização muito boa. Perfeito para aquela noite. Vimos o Anarkhon, o Vomepotro e o In Torment, banda gaúcha que faz um death de alto nível, algo como um cruzamento de Cannibal Corpse com Suffocation, riffs matadores, apresentação impecável.
O Inferia entra em cena e, ops! A necessidade faz o homem. Toda aquela cerveja artesanal e os petiscos eclodiram em um inesperado "suador" e, sem escolhas, acabei transformando o banheiro (que não tinha tranca) em uma bomba biológica de alto poder destrutivo, até agora penso na pobre alma que entrou ali na sequência.

Segunda feira de cansaço. Prontos para o último dia da saga, eu não conseguia mais tomar cerveja, e a noite teria mais metal.
Na parte da tarde assisti ao "novo" Capitão América, com o sub título horroroso de Soldado Invernal. Que grata surpresa, gostei muito do filme.
Torture Squad
A noite chegou e no Carioca Club o Torture Squad fez o lançamento do seu novo álbum Esquadrão de Tortura, com a temática totalmente focada na ditadura militar brasileira, que se iniciou em 1964. A única coisa que eu não entendo no Torture é a necessidade inexplicável de colocar 455 riffs diferentes em uma só música, como observado pelo Wendel, em alguns momentos não dá nem para saber se é a música em si sendo executada ou se adentraram em uma jam sem fim. Apesar disso, o trio é afinadíssimo, sem nenhum deslize.




Hypocrisy
Os suecos do Hypocrisy voltam ao Brasil após alguns anos, e como na apresentação do Mythological, uma guitarra simplesmente não se ouve, o som estava um tanto embolado, e o Peter falhou em vários solos nesta noite.
Infelizmente a banda não empolga muito ao vivo, apenas o seu líder realmente "agita" a plateia. Para ajudar, a roda de pogo, ou mosh pit, estava pacata demais, muito estranho, nunca vi desta forma antes... Talvez pela minha estafa física devido ao "puxado" fim de semana, achei o show de 2010 muito superior a este.



No final das contas, o feriadão foi muito bom, com bastante metal para animar. Mas acho que fiquei tão cansado que não tive forças para encarar o Ratos de Porão no dia 25/04, em São José dos Campos (que é onde estou neste momento).

Leonardo Milan.

10 de abril de 2014

Nevilton - Sacode (2013)

Antes tarde do que nunca! Meses e meses de férias do blog.
Vamos retornar com nosso já conhecido Nevilton, que, caso ainda não tenha ouvido o novo (velho) álbum Sacode, está perdendo.
Eu tinha receio de que este segundo play não alcançaria o seu sucessor, de 2011 (aqui), mas eles se mostraram mais inspirados ainda. Letras para se cantar enquanto anda sozinho pela rua, arranjos para se pegar assoviando enquanto arruma o quarto.

"E hoje, leva a vida como pode
Se a barra pesa, sacode
Mas ela nunca vai parar"

Não perca seu tempo, ache o Nevilton mais próximo de você, começando por aqui.
Música para dançar e brindar!



Leonardo Milan.

27 de outubro de 2013

Carcass - Surgical Steel (2013)

Todo “disco de retorno” de uma grande banda, sempre gera muita expectativa. Não foi diferente com “Surgical Steel”, primeiro disco de inéditas da banda Carcass desde 1995. Considerada uma das bandas pioneiras em não só um, mas dois estilos de Metal, o Grindcore e o Death Metal Melódico, o grupo carregava a expectativa de um novo disco desde que a banda se reuniu para voltar a excursionar em 2007. Muito se especulava sobre qual seria a direção musical que o disco tomaria, se uma visita aos primórdios calcados na selvageria Grind, ou uma continuação do que vinha sendo feito nos últimos discos. Em declarações para a imprensa, os integrantes afirmavam que o disco seria o elo entre os dois estilos, algo entre o “Necroticism” e o “Heartwork”.
E é isso exatamente o que se pode dizer após se ouvir os 47 minutos do disco. Apesar da influência do grindcore ser discreta, ela está lá, quase que como uma impressão de DNA do som característico do Carcass. Mas a parte interessante é que o estilo do disco é bem mais cru e direto do que no próprio “Heartwork”, com mais influências do Thrash e do Metal tradicional do que do Death melódico. Ou seja, funciona exatamente como a ponte entre os dois mundos que a banda viveu durante sua história.
“Surgical Steel” basicamente tem tudo que um fã de Metal pode querer. Estão lá as partes mais rápidas e agressivas, os solos altamente técnicos de guitarra, as harmonias dos leads de guitarra que você vai assobiando junto, os riffs cromaticamente dissonantes pra dar nó na cabeça, a precisão cirúrgica na bateria e os já característicos grunhidos do vocal de Jeff Walker. É impressionante a facilidade com que o som se transforma de um estilo no outro em questão de segundos, sempre mantendo a unidade e a coerência da proposta do disco.

Parece que 2013 foi realmente o ano das bandas veteranas lançarem discos impressionantes, e mandarem um recado pra essa geração de ‘alargadores na orelha + cabelos esquisitos + uma frase non-sense como nome da banda’: “Crianças, observem como se deve fazer um verdadeiro disco de Metal...”
Lucas Peixoto.

15 de setembro de 2013

Amon Amarth – Deceiver of the Gods (2013)

Existem temas que são recorrentes em certos nichos do Heavy Metal. Desde que o Black Sabbath decidiu falar nas suas músicas sobre ocultismo e coisas sombrias em geral, toda banda que veio depois tinha a missão de adicionar letras que fizessem jus à seja lá o que fosse que abanda tivesse tocando. E muitas bandas conseguiram ser realmente peculiares na escolha dos assuntos. Como por exemplo, Cannibal Corpse e suas descrições nada sutis sobre mutilações. Ou a abordagem quase técnica que o Carcass usa para falar sobre dissecações e similares, que parecem até citações literais de livros médicos. Ou toda a primeira geração do Black Metal norueguês com sua cruzada anti-cristianismo, seja falando sobre satanismo ou paganismo. E é lógico que as mitologias não iriam escapar disso. Com altas doses de violência, sexo, ganância e traições, a mitologia pagã talvez fosse a mais atrativa, e aliada ao caráter épico da cultura viking em geral, não demorou a se tornar tema preferido das bandas escandinavas, que desde o começo dos anos 2000 invadiram com força o mercado fonográfico mundial.

De todas estas bandas, talvez uma das mais bem sucedidas seja o Amon Amarth. Incorporando todos os elementos culturais de sua terra natal ao som característico do metal sueco que o Entombed ajudou a forjar, a banda se tornou um dos grandes nomes do Metal da atualidade. E como toda banda mainstream, após tantos discos começou a cair no dilema do “mais do mesmo”, ao não conseguir manter o mesmo estilo dos álbuns clássicos sem soar repetitivo e manjado. É um mal comum, que muitas bandas gigantes também sofrem, e muitas não conseguem nunca mais sair, lançando sempre uma espécie de “auto-plágio” e se apoiando apenas no sucesso que o nome trás. Outras se perdem em ridículas tentativas de mudar de estilo ou incorporar novas tendências ao som, o que muitas vezes acaba saindo muito pior até do que o “auto-plágio”.
Com Deceiver of the Gods, o Amon Amarth conseguiu o que poucas bandas nesta situação conseguem, que é lançar um material novo com qualidade, com quantidade suficiente para agradar aos fãs mais tradicionais, mas com toques de “ar fresco” suficiente para impedir de soar como mais uma reciclagem. O grande destaque e o toque que deu todo um sabor diferente ao álbum aparece logo nos primeiros segundos após apertar o play: as guitarras harmonizadas, ao melhor estilo Iron Maiden, aqueles trechos que já te fazem imaginar uma plateia lotada cantarolando junto.
É impressionante notar como um simples detalhe, se usado com ponderação e bom senso, pode elevar um trabalho do mediano ao ótimo. E é exatamente isso que ocorre no disco, usando todos os elementos que se tornaram marcas registradas da banda, como os refrões marcantes, o groove dos riffs e as letras épicas, e adicionando as ocasionais guitarras harmonizadas, o resultado foi um disco revigorante e uma lufada de ar fresco na discografia da banda, que deixa claro que ainda tem muita lenha pra queimar.

Lucas Peixoto.

11 de agosto de 2013

Suffocation - Carioca Club (São Paulo, 04/08/2013)

E o que se ganha de brinde ao assistir um show do Suffocation (Eua)?
Apresentações de: Unearthly (Br), Sinister (Hol), Vader (Pol) e Marduk (Sue).

Apesar da meta ser o show dos norte americanos, fiz questão de estar presente nos predecessores. O Unearthly e o Sinister fizeram excelentes participações, agitando bem o público que lotava a casa. Durante o Vader, cuja esta foi a minha terceira oportunidade de vê-los, pude perceber que possuem um público cativo no Brasil, mesmo após constantes mudanças na formação. Sem dúvidas, a melhor que vi deles, foi em 2008, quando o Marduk também estava presente na noite.
Tinha chegado o momento, e o Suffocation deu início. Um público enlouquecido, uma banda com uma postura e presença de palco praticamente insuperável. Foi assim durante todo o tempo, sons impactantes, soco na cara, a satisfação em estar ali era notável na expressão de cada um da plateia.
E a cada música executada, a roda se abria para o despejo da fúria contida no público. É inevitável dizer que o Suffocation é realmente sufocante.
Para mim, a noite estava completa, restava apenas liquidar as cervejas que sobravam na comanda ao som de Marduk ao fundo.

Leonardo Milan.

5 de agosto de 2013

Black Sabbath - 13 (2013)

Muita coisa acontece em 35 anos. Muitos dos mais ávidos fãs desta gloriosa banda nem sequer estavam vivos há 35 anos atrás. E foi esse o período de tempo que demorou para o Black Sabbath voltar lançar um disco com músicas inéditas com sua formação (quase) original. Não há palavras suficientes capazes de descrever o tamanho da expectativa que um acontecimento deste tamanho carrega. Afinal, estamos falando de uma das mais lendárias bandas da história da música, e talvez “A” mais importante banda de todo o segmento do heavy metal. E todo o dramalhão envolvendo a saída do baterista Bill Ward do projeto, só serviu pra aumentar as especulações sobre o resultado final da empreitada.
O resultado acabou sendo pura e simplesmente uma aula de heavy metal, do começo ao fim do disco. Claro que não cabem as comparações com os antigos clássicos da banda, afinal já se passaram quase 4 décadas, e a grandiosidade histórica daqueles álbuns é um patamar extremamente difícil de ser alcançado. Mas “13” faz jus à toda expectativa e o peso que o nome da banda carrega.
O que falar dos riffs de Iommi? Simplesmente geniais, como sempre foram, desde o primeiro minuto do primeiro álbum. Ninguém arquiteta a sonoridade sombria e maquiavélica do jeito que o mestre Iommi faz. A cadência, o peso e a dissonância causam aqueles arrepios na espinha, os mesmos desde a primeira vez que escutei o riff inicial de “Iron Man” pela primeira vez, lá com meus 12 anos.
Geezer Butler é outro monstro. Privilegiado por um bom trabalho da produção, que deixou seu baixo destacado no álbum, Butler espanca suas 4 cordas com a avidez de um homem das cavernas atacando sua presa com um pedaço de osso. É a melhor lição para muitas bandas atuais, que na ânsia por tocar mais alto e mais distorcido, deixam as graves freqüências do bom e velho baixo se perderem na mixagem.
Ozzy Osbourne era uma das incógnitas. Apesar de sua voz inconfundível ser elemento fundamental dos álbuns clássicos da banda, os últimos trabalhos do Madman tinham sido sofríveis, com muitos efeitos na sua voz na tentativa de maquiar os problemas que o tempo trouxe. Mas não foi o que aconteceu em “13”. Sua voz soa direta, sem exageros e reconhecendo todas as limitações técnicas, tangível e orgânica, e acima de tudo, nostálgica!
Talvez a maior das incógnitas ficou por conta das baquetas. Brad Wilk, do Rage against the Machine, foi colocado na fogueira de substituir o lendário Bill Ward. E acabou se saindo bem. Reproduzir a insanidade dos espancamentos que Ward promovia nos discos há 40 anos atrás seria pedir muito até para o próprio Ward. Em “13”, Wilk adota uma postura mais sóbria, mais ”arroz e feijão”,  demonstrando bastante respeito pelo legado de Ward, e deixando mais espaço para as outras lendas fazerem seu trabalho.

Em muitos momentos, algumas músicas te deixam com aquela sensação de “déjà vu”, quase que um “auto-plágio”, mas que só aumenta o sentimento de nostalgia que o álbum imprime. Guardada todas as proporções, “13” é mais um grande trabalho (talvez o último) para entrar no hall de uma das mais lendárias discografias da história da música.


Lucas Peixoto.

21 de abril de 2013

Resumão hectoriano

Você entra em uma daquelas semanas que parecem não ter fim, e quando consegue um tempo...(complete).

Como pode alguém ter achado o novo do Hypocrisy tão genial assim? Gente, é mais do mesmo. Infelizmente entrou na zona de conforto. Nada de novo, é como pegar todos os álbuns anteriores, do Penetralia ao A Taste Of Extreme Divinity, colocar no liquidificador, bater e servir. Claro que durante a audição há momentos sóbrios e boas passagens, mas no geral soam como covers de si.

E o novo do Ghost, Infestissumam, veio para confundir (eu li isto em algum lugar), menos 'rock', mais atmosférico (ou lisérgico, como sugeriu meu amigo). Grata surpresa, enquanto todos esperavam uma cópia do antecessor, BUM! Chute no saco para muitos, aclamado por tantos outros.

A deixa:


Heavy Metal is timeless:

Hector.